sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Uma idéia na cabeça e uma câmera na mão

Essa semana eu resolvi falar um pouco sobre filmes independentes. Mas o que são filmes independentes? São aqueles filmes realizados sem o apoio das grandes produtoras e, geralmente, com baixo orçamento.

Quando eu digo baixo orçamento, é referente aos padrões de Hollywood, ou seja, o filme deve custar menos que 20 milhões de dólares (apenas isso!!).

Para mim, não tem como falar de filmes independentes, sem lembrar de um clássico, Rocky – Um lutador. Talvez muitos tenham uma lembrança errada do filme, associando ele a decadência dos filmes dos grandes heróis de ação ou as atuais besteiras que passam na Sessão da Tarde.

Rocky foi sucesso absoluto de crítica e público, tendo custado pouco mais de 1 milhão de dólares e tendo arrecadado, somente nos Estados Unidos, mais de 117 milhões. Além disso, o filme foi indicado a nove categorias no Oscar, faturando três delas (Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Edição). E ainda tem mais, nas premiações do Instituto Americano de Filme, Rocky Balboa foi eleito o sétimo herói da história cinematográfica americana e o filme o quarto mais empolgante, está entre os 100 filmes que marcaram a história do cinema, e no ano de 2006, o roteiro deste filme foi eleito como o melhor roteiro de todos os tempos pelo Sindicato dos Roteiristas da América (é pouco ou quer mais?).


Mas por que o filme fez tanto sucesso? É impossível não se emocionar com o personagem interpretado por Sylvester Stallone, um cara mal julgado e desacreditado por todos que tem a oportunidade de realizar seu “sonho americano”, lutando com campeão mundial de pesos-pesados, Apollo Creed. Enfrentando todas as dificuldades e passando por um treinamento, digamos, rudimentar (com ajuda do carismático e rabugento Mickey, Burgess Meredith), em comparação com o do campeão, como é bem mostrado, Rocky torna-se um exemplo de superação e esperança para todos. Mas o que ele almeja não é vencer o campeão, ele não espera conseguir, o objetivo dele é ser reconhecido e realizar o que ninguém ainda fez, resistir 5 rounds com o campeão. Além da ótima história, o filme foi lançado numa época, na qual o público americano precisa de uma inspiração, de um herói. Não posso deixar de citar a trilha sonora marcante, “Gonna Fly Now” é inesquecível.

A história do filme se mistura com a própria vida de Stallone, ele não tinha sucesso nenhum ainda e morava numa quitinete com o cachorro. Mesmo nessa situação, ele recusou 450 mil dólares para não encarnar o personagem, pois tinha certeza que ele era a pessoa ideal para fazer o papel, é isso que é força de vontade (você faria o mesmo?).

Agora vou falar de um filme mais recente (pra variar um pouco), com uma personagem não menos carismática (ou até mais para alguns), Juno. Um filme que aborda a adolescência de maneira incrivelmente realista e nos proporciona uma ótima experiência áudio-visual. Isso graças à revelação como roteirista, Diablo Cody.


“Tudo começou com uma cadeira”, assim inicia o filme, narrado pela própria protagonista, contando como ela e seu amigo Paulie Bleeker, perderam a virgindade. Com esse ato, acidentalmente, ela fica grávida, uma situação desesperadora para qualquer garota, e ela tem apenas 16 anos. Mas nossa personagem encara essa situação de uma maneira muito madura, resolvendo ter a criança, enfrentando todo mundo, e entregar o bebê para a adoção, depois de ter desistido de fazer um aborto.


Com esse tema polêmico, a roteirista nos conta essa história de maneira encantadora. O filme possui excelentes diálogos, é como você estivesse conversando com um amigo, estes nos mostram uma personagem madura e apaixonante, com gostos bem definidos para cinema e música. Sendo essa encarnada pela ótima atriz Ellen Page, que dá credibilidade ao papel, nos faz acreditar na personagem.


A junção desse roteiro simples, mas maravilhoso, com o ótimo elenco (que conta ainda com nomes como: J.K. Simmons, o hilário pai de Juno; Jason Bateman e Jennifer Garner, o casal que vai adotar a criança e Michael Cera, o corredor que engravidou a protagonista), com a direção segura de Jason Reitman e com o ótimo trabalho da direção de arte (quem não se lembra dos telefones em forma de hambúrguer?) torna esse filme, na minha humilde opinião imperdível. Também não posso deixar de citar a ótima trilha sonora que acompanha várias cenas importantes do filme.

Juno acumulou prêmios e indicações, foi indicado em duas categorias no Bafta (Melhor Roteiro Original, o qual ganhou, e Melhor Atriz para Ellen Page), quatro indicações ao Independent Spirit Awards, das quais ganhou três, Melhor Filme, Melhor Atriz (Ellen Page que também ganhou na mesma categoria no Screen Actors Guilde Awards) e Melhor Roteiro Original, o qual também foi premiado no Oscar, onde teve mais três indicações, Melhor Filme, Diretor e Atriz. Com tudo isso Juno só custou mais ou menos 7,5 milhões de dólares e tendo arrecadado mais 135 milhões de dólares.

2 comentários:

Nossa....me recordo de quando era menor, via esses filmes na cessão da tarde, tempos bons aquele.

Estou acompanhando sua coluna viu ;Raphael, sou sua freqüentadora assídua...

Bj Camila Castro

Uhuuu!! Finalmente um comentário!! Sou uma pessoa mais feliz agora!! Obrigado Camila! Esses filmes são realmente marcantes.